Anopheles

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Anopheles gambiae
Anopheles gambiae
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Diptera
Família: Culicidae
Género: Anopheles
Meigan, 1818
Distribuição geográfica

Espécies
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Anopheles, também é comumente chamado mosquito-prego no Brasil e anofeles, melga ou simplesmente mosquito em Portugal, é um género de mosquito com ampla distribuição mundial, presente nas regiões tropicais e subtropicais, incluindo Portugal, o Brasil, a China, a Índia e a África. É o agente transmissor da malária e, em alguns casos, da filariose. Os mosquitos-fêmea deste gênero são, para os humanos, os animais mais mortais do mundo, causando anualmente a morte de mais de 1 milhão de pessoas.[1]

Os anofelinos são hematófagos e várias espécies do gênero são vetoras do Plasmodium, o protozoário causador da malária. Dentre essas, destacam-se Anopheles maculipennis (Europa), A. culicifacies (Índia), A. minimus (de Assam até a China e Filipinas), A. gambiae e A. funestus na África; no neotrópico, A. albimanus (México), A. nuñeztovari (Venezuela e Colômbia), A. darlingi e A. aquasalis (Brasil). Outras espécies importantes na transmissão da malária no Brasil são A. bellator e A. cruzii, os equivalentes ecológicos das duas últimas, no sul do país - região atualmente livre da doença. Menos importante é Anopheles albitarsis.[2]

Biologia

Anopheles stephensi picando um ser humano

Há cerca de 400 espécies, incluindo 40 que transmitem o plasmódio. A mais comum das transmissoras é o Anopheles gambiae. Só a fêmea é que pica o homem e se alimenta de sangue. Os machos alimentam-se dos sucos ricos em glicose de plantas.

O Anopheles prefere temperaturas de 20 a 30 °C e altas taxas de umidade. Não sobrevive em grande número se as temperaturas médias diárias caírem abaixo dos 15 °C e não gosta de altitudes acima dos 1500 metros.

Os anofelinos distinguem-se dos outros mosquitos pelos seus palpos quase tão longos quanto as probóscides, e pelas suas escamas brancas e pretas nas asas. Têm um comportamento típico, descansando com o abdomen em ângulo para cima.

Ciclo de vida

O Anopheles passa por quatro estágios: ovo, larva, pupa, e adulto.

As fêmeas vivem de duas semanas a um mês. Têm preferência pelo sangue humano, mas também picam animais. Põem cerca de duzentos ovos de cada vez, em água parada. Os ovos têm bóias naturais, demorando apenas 2 a 3 dias a maturar (ou 1 a 2 semanas em climas mais frios), e não sobrevivem às baixas temperaturas nem à desidratação.

As larvas alimentam-se por filtração de bactérias e outros microorganismos da água. Ao contrário de outras espécies não têm sifão, absorvendo o ar da superficie com a boca. As larvas passam por quatro estágios, sofrendo, posteriormente, metamorfose em pupas.

Enquanto se desenvolvem, as pupas vêm à superfície para respirar e, cerca de 10 a 15 dias após a deposição dos ovos, transformam-se em mosquitos adultos, imediatamente activos sexualmente. Os machos vivem cerca de uma semana e alimentam-se de néctar. As fêmeas alimentam-se de sangue, mais rico em nutrientes necessários para pôrem os ovos.

Coagulação do sangue

Os mosquitos usam uma molécula para controlar o sistema de coagulação durante as suas refeições de sangue – a anofelina, que tem como alvo a trombina, uma enzima central na anticoagulação.

A anofelina tem uma “abordagem radicalmente inovadora” no controle do sistema de coagulação do hospedeiro: ela liga-se à trombina aproveitando os locais normalmente utilizados por substratos naturais do organismo no processo de coagulação, como por exemplo o fibrinogénio. Desta forma, o fibrinogénio não consegue ligar-se à trombina e, consequentemente, não se produz a fibrina, que forma os coágulos. Um coágulo é uma rede de fibrina. Encravando os locais também usados pelo fibrinogénio como ligação à trombina, à semelhança de uma chave partida dentro da fechadura, a anofelina trava a formação de coágulos.

A molécula pode servir de base à concepção de fármacos sintéticos para prevenir e tratar as doenças cardiovasculares.[3]

Espécies (lista parcial) [4]

Subgénero Anopheles Meigen

  • Anopheles annulipalpis Lynch, 1878
  • Anopheles apicimacula Dyar et Knab, 1906
  • Anopheles atropos Dyar et Knab, 1906
  • Anopheles aztecus Hoffmann, 1935
  • Anopheles barberi Coquillett, 1903
  • Anopheles bradleyi King, 1939
  • Anopheles bustamentei Galvao, 1955
  • Anopheles crucians Wiedemann, 1828
  • Anopheles earlei Vargas, 1943
  • Anopheles eiseni Coquillett, 1902
  • Anopheles evandroi Lima, 1937
  • Anopheles fausti Vargas, 1943
  • Anopheles fluminensis Root, 1927
  • Anopheles franciscanus Mccracken, 1904
  • Anopheles freeborni Aitken
  • Anopheles gabaldoni Vargas, 1941
  • Anopheles georgianus King, 1939
  • Anopheles grabhami Theobald
  • Anopheles guarao Anduze et Capdevielle, 1949
  • Anopheles hectoris Giaquinto-Mira, 1931
  • Anopheles intermedius (Peryassu, 1908)
  • Anopheles judithae Zavortink, 1969
  • Anopheles maculipes (Theobald, 1903)
  • Anopheles mattogrossensis Lutz et Neiva, 1911
  • Anopheles mediopunctatus (Theobald, 1903)
  • Anopheles minor Lima, 1929
  • Anopheles neomaculipalpus Curry, 1932
  • Anopheles occidentalis Dyar et Knab, 1906
  • Anopheles parapunctipennis Martini, 1932
  • Anopheles perplexens Ludlow, 1907
  • Anopheles peryassui Dyar et Knab, 1908
  • Anopheles pseudomaculipes (Peryassu, 1908)
  • Anopheles pseudopunctipennis Theobald, 1901
  • Anopheles punctimacula Dyar et Knab, 1906
  • Anopheles punctipennis (Say, 1823)
  • Anopheles quadrimaculatus Say, 1824
  • Anopheles rachoui Galvao, 1952
  • Anopheles tibiamaculatus (Neiva, 1906)
  • Anopheles vestitipennis Dyar et Knab, 1906
  • Anopheles walkeri Theobald, 1901
  • Anopheles xelajuensis Leon, 1938

Subgénero Cellia Theobald

  • Anopheles amictus (Edwards)
  • Anopheles carnevalei Brunhes, Le Goff, Geoffroy, 1999
  • Anopheles farauti (Laversan)
  • Anopheles gambiae Giles
  • Anopheles melas (Theobald)
  • Anopheles merus (Donitz)
  • Anopheles ovengensis Awono et al, 2004
  • Anopheles punctulatus Doenitz

Subgénero Kerteszia Theobald

  • Anopheles bambusicolus Komp, 1937
  • Anopheles bellator Dyar et Knab, 1906
  • Anopheles boliviensis (Theobald, 1905)
  • Anopheles cruzii Dyar et Knab, 1908
  • Anopheles homunculus Komp, 1937
  • Anopheles neivai Dyar et Knab, 1913

Subgénero Lophopodomyia Antunes

  • Anopheles gilesi (Peryassu, 1908)
  • Anopheles gomezdelatorrei Levi-castillo, 1955
  • Anopheles oiketorakras Osorno-Mesa, 1947
  • Anopheles pseudotibiamaculatus Galvao et Barretto, 1941
  • Anopheles squamifemur Antunes, 1937
  • Anopheles vargasi Gabald, Cova Garcia e Lopez, 1941

Subgénero Nyssorhynchus Blanchard

  • Anopheles albimanus Wiedemann, 1820
  • Anopheles albitarsis Lynch Arribalzaga, 1878
  • Anopheles anomalophyllus Komp, 1936
  • Anopheles antunesi Galvao et Amaral, 1940
  • Anopheles aquasalis Curry, 1932
  • Anopheles argyritarsis Robineau-desvoidy, 1827
  • Anopheles benarrochi Gabaldon, Cova-gar. et Lop. 1941
  • Anopheles braziliensis (Chagas, 1907)
  • Anopheles darlingi Root, 1926
  • Anopheles deaneorum Rosa-Freitas, 1989
  • Anopheles evansae (Brethes, 1926)
  • Anopheles galvaoi Causay, Deane et Deane, 1943
  • Anopheles ininii Senevet and Abonnenc, 1938
  • Anopheles lanei Galvao et Amaral, 1938
  • Anopheles lutzii Cruz, 1901
  • Anopheles nigritarsis (Chagas, 1907)
  • Anopheles nuneztovari Galaldon, 1940
  • Anopheles oswaldoi (Peryassu, 1922)
  • Anopheles parvus (Chagas, 1907)
  • Anopheles pictipennis (Philippi, 1865)
  • Anopheles rangeli Gabald., Covo-gar. et Lopez, 1940
  • Anopheles rondoni (Neiva et Pinto, 1922)
  • Anopheles sanctielii Senevet et Abonnenc, 1938
  • Anopheles shannoni Davis, 1931
  • Anopheles triannulatus (Neiva et Pinto, 1922)

Subgénero Stethomyia Theobald

  • Anopheles acanthotorynus Komp, 1937
  • Anopheles canorii Flock et Abonnene, 1945
  • Anopheles kompi Edwards, 1930
  • Anopheles nimbus (Theobald, 1902)
  • Anopheles thomasi Shannon, 1933

Referência

  1. «Animal Records» (em inglês). Smithsonian National Zoological Park. Consultado em 12 de setembro de 2012. Arquivado do original em 15 de outubro de 2012 
  2. «Anopheles (Culicidae, Anophelinae) e a malária em Buriticupu-Santa Luzia, pré-Amazônia maranhense». www.scielo.br , por José Manuel Macário Rebêlo, Antonio Rafael da Silva, Luiz Alves Ferreira e José Augusto Vieira. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical; vol.30 nº 2. Uberaba, Mar./Apr. 1997
  3. «O mosquito da malária não deixa o sangue coagular e agora sabemos porquê» 
  4. «Genus ANOPHELES». pp. Systematic Catalog of the Culicidae. Consultado em 7 de Julho de 2007. Arquivado do original em 18 de julho de 2007 

Referência bibliográfica

  • Consoli RAGB, Lourenço-de-Oliveira R. (1994). Principais mosquitos de importância sanitária no Brasil (PDF). [S.l.]: Editora Fundação Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil. Consultado em 28 de fevereiro de 2008. Arquivado do original (PDF) em 5 de agosto de 2007 

Ligações externas

  • Systematic Catalog of Culicidae
  • Revista de Saúde Pública vol.33 n.6 São Paulo, dez. 1999. ISSN 0034-8910 Espécies de Anopheles (Culicidae, Anophelinae) em área endêmica de malária, Maranhão, Brasil, por Maria M. dos S. P. Xavier e José M. M. Rebêlo.
  • Portal Domínio Público. Espécies de Anopheles em municípios de risco e com autoctonia de malária no estado de Goiás, no período de 1999 a 2006, por Eduardo Ridan Manoel.
Controle de autoridade
Identificadores taxonómicos
Identificadores
  • MeSH: D000852
  • MeSH: B01.050.500.131.617.720.500.500.750.712.500.875.120