Barreira hemato-testicular

Barreira hemato-testicular

Epitélio germinativo do testículo. 1 lâmina basal, 2 espermatogónia, 3 espermatócito primário, 4 espermatócito secundário, 5 espermatídeo, 6 espermatídeo maturo, 7 célula de Sertoli, 8 junção de oclusão (barreira hemato-testicular)

A barreira hemato-testicular é uma barreira física entre os vasos saguíneos e os túbulos seminíferos nos testículos. O nome "barreira hemato-testicular" é enganador, na medida em que não se trata de uma barreira entre o sangue e o órgão, no sentido estrito, mas é antes uma barreira entre o sangue e as células de Sertoli do túbulo seminífero, que isola as células germinativas do sangue.

Estrutura

As paredes dos túbulos seminíferos são revestidas por células de Sertoli, no meio das quais se encontram as células da linha germinativa.[1] A barreira é formada por junções de oclusão, junções de aderência e junções gap entre as células de Sertoli, que são células de suporte dos túbulos seminíferos, e que dividem o túbulo seminífero no compartimento basal (região externa do túbulo, em contacto com o sangue e a linfa) e no compartimento adluminal (região interna do túbulo, isolada do sangue e da linfa).

Função

A presença da barreira hemato-testicular permite às células de Sertoli controlar o ambiente do compartimento adluminal, no qual as células germinativas (espermatócitos, espermatídeos, e espermatozoides) se desenvolvem, ao influenciar a composição química do fluido no lúmen. A barreira impede, ainda, a passagem de agentes citotóxicos (corpúsculos ou substâncias que são tóxicos às células) para os túbulos seminíferos.

O fluido no lúmen dos túbulos seminíferos é bastante diferente do plasma; contém muito poucas proteínas e glicose, mas é rico em andrógenos, estrogénios, potássio, inositol e ácido glutâmico e aspártico. Esta composição química é mantida pela barreira hemato-testicular.[1]

A barreira hemato-testicular também tem a função de proteger as células germinativas de agentes nocivos que circulam através do sangue,[1] previne a entrada na circulação sanguínea de produtos antigénicos resultantes da maturação das células germinativas, e consequente resposta auto-imune,[1] e pode ainda auxiliar na manutenção do gradiente osmótico que facilita o transporte de fluido para o interior do lúmen tubular.[1]

Notas

Os esteróides penetram a barreira. Algumas proteínas passam das células de Sertoli para as células de Leydig, de modo parácrino.[1]

Importância clínica

Resposta autoimune

A barreira hemato-testicular pode ser danificada por trauma físico aos testículos (incluindo forças de torção ou impacto), por cirurgia, ou como resultado de uma vasectomia. Quando a barreira hemato-testicular se rompe, e os espermatozoides entram em contacto com a corrente sanguínea, o sistema imunitário desencadeia uma resposta auto-imune contra estas células. Os anticorpos anti-espermatozoide gerados pelo sistema imunitário podem ligar-se a diversas regiões antigénicas na superfície dos espermatozoides. Se se ligarem à cabeça do espermatozoide, o espermatozoide pode tornar-se menos capaz de fertilizar um oócito (ver reacção acrossómica) e, se se ligarem ao seu flagelo, a sua motilidade pode ser comprometida.

Ver também

Referências

  1. a b c d e f Ganong. Ganong's Review of Medical Physiology 24 ed. [S.l.]: TATA McGRAW HILL. pp. 419–420. ISBN 978-1-25-902753-6 

Ligações externas

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