Públio Acílio Aciano

Públio Acílio Aciano
Nascimento século I
Morte século II
Cidadania Roma Antiga
Ocupação político, soldado
Lealdade Império Romano
[edite no Wikidata]

Públio Acílio Aciano (em latim: Publius Acilius Attianus) foi um poderoso oficial do exército romano da gente Acília que teve um papel preponderante na transferência do poder do falecido imperador Trajano para seu filho adotivo Adriano.

Primeiros anos

Aciano nasceu em Itálica, na província romana da Bética, a mesma cidade onde nasceu Públio Élio Adriano Afer, o pai de Adriano. Quando Afer morreu, por volta de 86, Aciano e o futuro imperador Trajano (outro nativo de Itálica) se tornaram os guardiões legais de Adriano.[1] Nada mais se sabe sobre os primeiros anos de Aciano, mas é certo que no final do reinado de Trajano ele era prefeito pretoriano com Sérvio Sulpício Símile. Enquanto este permaneceu em Roma, Aciano acompanhou o imperador em suas campanhas pelo oriente.

Sucessão de Trajano

Logo depois da morte de Trajano, acreditava-se que o imperador teria composto uma carta nomeando Adriano como seu filho adotivo e sucessor, mas suspeitas surgiram por que a cópia da carta que chegou à Roma tinha apenas a assinatura de Plotina, a esposa do falecido. Rumores circulavam de que Aciano e a imperatriz Plotina eram amantes e que os dois, presentes no leito de morte de Trajano (em Selino, na Sicília) em agosto de 117, forjaram um testamento para garantir a ascensão de Adriano, que estava sob a guarda deles.[2]

Porém, a historiadora Annelise Freisenbruch descarta a acusação. Nas palavras dela, "Plotina, a esposa silenciosa do século II, se juntou a Lívia, Agripina Maior e Domícia na galeria das mulheres imperiais acusadas de acobertar ou de conspirar na morte de seus maridos". Ela acrescenta que há muitas explicações plausíveis para que a assinatura de Plotina possa estar legitimamente nesta carta, como o fato de que Trajano poderia estar fraco demais para assiná-la de próprio punho, por exemplo. Freisenbruch também afirma que este tipo de acusações foram comuns em relação às esposas de governantes por séculos e fornece dois exemplos modernos: em 1919, Edith Wilson foi acusada de forjar a assinatura do presidente norte-americano Woodrow Wilson depois de ele ter ficado incapacitado por causa de um derrame; e, quatro anos depois, quando o também presidente norte-americano Warren Harding morreu por intoxicação alimentar, sua esposa foi acusada num best-seller de tê-lo envenenado.[3]

Juntamente com Plotina e Matídia, sobrinha do imperador, Aciano acompanhou o corpo de Trajano até Selêucia, onde ele foi cremado, e suas cinzas até Roma.

Anos finais

No começo do reinado de Adriano, Aciano aconselhou o imperador a atuar contra vários possíveis oponentes e, segundo a autobiografia perdida de Adriano, foi responsável pelo assassinato de quatro romanos de status consular cujas mortes mancharam os primeiros anos de Adriano: Lúcio Publílio Celso, Lúsio Quieto, Caio Avídio Nigrino e Aulo Cornélio Palma Frontoniano. Porém, o novo imperador se ressentiu do poder de Aciano e, em 119, induziu-o a pedir sua demissão do posto de prefeito pretoriano.[4] Ele recebeu uma cadeira de senador romano e a ornamenta consularia ao se aposentar. Nada mais se sabe sobre ele depois disto.

Árvore genealógica

  • v
  • d
  • e
Árvore genealógica da Dinastia nerva-antonina
Q. Márcio Bareia SoranoQ. Márcio Bareia SuraAntônia FurnilaM. Coceio NervaSérgia PlaucilaP. Élio Adriano
Tito
(r. 79–81)
Márcia FurnilaMárciaTrajano paiNerva
(r. 96–98)
Úlpia[i]Élio Adriano Marulino
Júlia Flávia[ii]Marciana[iii]C. Salônio Matídio[iv]Trajano
(r. 98–117)
PlotinaP. Acílio AcianoP. Élio Afer[v]Paulina Maior[vi]
Lúcio Míndio
(2)
Libão Rupílio Frúgio
(3)
Matídia[vii]L. Víbio Sabino
(1)[viii]
Paulina Menor[vi]L. Júlio Urso Serviano[ix]
Matídia Menor[vii]Suetônio?[x]Sabina[iii]Adriano
[v][xi][vi] (r. 117–138)
Antínoo[xii]
Júlia Balbila?[xiii]C. Fusco Salinador IJúlia Serviana Paulina
M. Ânio Vero[xiv]Rupília Faustina[xv]Boiônia PrócilaCn. Árrio Antonino
L. Ceiônio CômodoÁpia SeveraL. Fusco Salinador
L. Cesênio PetoÁrria AntoninaÁrria Fadila[xvi]T. Aurélio Fulvo
L. Cesênio AntoninoL. Ceiônio CômodoFundânia Pláuciaignota[xvii]C. Avídio Nigrino
M. Ânio Vero[xv]Domícia Lucila[xviii]Fundânia[xix]M. Ânio Libão[xv]FAUSTINA[xvi]Antonino Pio
(r. 138–161)[xvi]
L. Élio César[xvii]Avídia Pláucia[xvii]
Cornifícia[xv]MARCO AURÉLIO
(r. 161–180)[xx]
FAUSTINA Menor[xx]C. Avídio Cássio[xxi]Aurélia Fadila[xvi]LÚCIO VERO
(r. 161–169)[xvii]
(1)
Ceiônia Fábia[xvii]Pláucio Quintílio[xxii]Q. Servílio PudenteCeiônia Pláucia[xvii]
Cornifícia Menor[xxiii]M. Petrônio SuraCÔMODO
(r. 177–192)[xx]
Fadila[xxiii]M. Ânio Vero César[xx]Ti. Cláudio Pompeiano
(2)
Lucila[xx]M. Pláucio Quintílio[xvii]Júnio Licínio BalboServília Ceiônia
Petrônio AntoninoL. Aurélio Agáclito
(2)
Aurélia Sabina[xxiii]L. Antíscio Burro
(1)
Pláucio QuintílioPláucia ServíliaC. Fúrio Sabino TimesiteuAntônia GordianaJúnio Licínio Balbo?
Fúria Sabina TranquilinaGORDIANO III
(r. 238–244)
  • (1) = 1ª esposa
  • (2) = 2ª esposa
  • (3) = 3ª esposa
  •   Vinho escuro indica um imperador da Dinastia nerva-antonina

      Vinho claro indica um herdeiro aparente da mesma dinastia que não chegou a assumir o trono

      Cinza indica um aspirante fracassado ao trono

      Roxo indica um imperador de outras dinastias
  • Linhas tracejadas indicam uma adoção; linhas pontilhadas indicam casos amorosos ou relações fora do casamento
  • Minúsculas = pessoas deificadas postumamente (augustos, augustas ou outras)
Notas:

Exceto se explicitado de outra forma, as notas abaixo indicam que o parentesco de um indivíduo em particular é exatamente o que foi indicado na árvore genealógica acima.

  1. Irmã do pai de Trajano: Giacosa (1977), p. 7.
  2. Giacosa (1977), p. 8.
  3. a b Levick (2014), p. 161.
  4. Marido de Úlpia Marciana: Levick (2014), p. 161.
  5. a b Giacosa (1977), p. 7.
  6. a b c DIR contributor (Herbert W. Benario, 2000), "Adriano".
  7. a b Giacosa (1977), p. 9.
  8. Marido de Salonina Matídia: Levick (2014), p. 161.
  9. Smith (1870), "Júlio Servianus".
  10. Suetônio seria um possível amante de Sabina: uma possível interpretação de HA, Adriano 11:3
  11. Smith (1870), "Adriano", pp. 319–322.[ligação inativa]
  12. Amante de Adriano: Lambert (1984), p. 99 e passim; deificação: Lamber (1984), pp. 2-5, etc.
  13. Júlia Bálbila seria uma possível amante de Sabina: A. R. Birley (1997), Adriano, the Restless imperador, p. 251, citado em Levick (2014), p. 30, que é cético em relação a esta hipótese.
  14. Marido de Rupília Faustina: Levick (2014), p. 163.
  15. a b c d Levick (2014), p. 163.
  16. a b c d Levick (2014), p. 162.
  17. a b c d e f g Levick (2014), p. 164.
  18. Esposa de M. Ânio Vero: Giacosa (1977), p. 10.
  19. Esposa de M. Ânio Libão: Levick (2014), p. 163.
  20. a b c d e Giacosa (1977), p. 10.
  21. Pseudo-Dião Cássio (72.22) conta que Faustina, a Velha, prometeu se casar com Avídio Cássio, uma história que também aparece na HA "Marco Aurélio" 24.
  22. Marido de Ceiônia Fábia: Levick (2014), p. 164.
  23. a b c Levick (2014), p. 117.
Referências:
  • DIR contributors (2000). «De Imperatoribus Romanis: An Online Encyclopedia of Roman Rulers and Their Families». Consultado em 14 de abril de 2015 
  • Giacosa, Giorgio (1977). Women of the Césars: Their Lives and Portraits on Coins. Translated by R. Ross Holloway. Milan: Edizioni Arte e Moneta. ISBN 0-8390-0193-2 
  • Lambert, Royston (1984). Beloved and God: The Story of Adriano and Antinous. New York: Viking. ISBN 0-670-15708-2 
  • Levick, Barbara (2014). Faustina I and II: Imperial Women of the Golden Age. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-537941-9 
  • William Smith, ed. (1870). Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology. [S.l.: s.n.] 

Referências

  1. História Augusta, "Adriano", 2; traduzido para o inglês por Anthony Birley, Lives of the Later Caesars (Harmondsworth: Penguin, 1976), p. 37
  2. Simon Hornblower and Anthony Spawforth-E.A. (edd.), Oxford Classical Dictionary, Oxford University Press, 2003, p. 1214.
  3. Freisenbruch, Caesars’ Wives: Sex, Power, and Politics in the Roman Empire (London and New York: Free Press, 2010), pp. 162f
  4. História Augusta, "Adriano", 8; traduzido por Birley, Lives, p. 66