Paralelogramo

Um paralelogramo.

Um paralelogramo é um polígono de quatro lados (quadrilátero) cujos lados opostos são paralelos. Por consequência, tem ângulos opostos e lados opostos congruentes.[1][2]

Definição

Paralelogramo A B C D {\displaystyle ABCD} e suas diagonais A C ¯ {\displaystyle {\overline {AC}}} e B D ¯ {\displaystyle {\overline {BD}}} .

Um paralelogramo é um quadrilátero plano convexo cujos lados opostos são paralelos. Um paralelogramo também é qualquer retângulo que passou pelo processo de Transformação de cisalhamento em geometria plana.

Elementos

Um paralelogramo A B C D {\displaystyle ABCD} tem:[1][2]

  • quatro lados - os segmentos de reta A B ¯ {\displaystyle {\overline {AB}}} , B C ¯ {\displaystyle {\overline {BC}}} , C D ¯ {\displaystyle {\overline {CD}}} e D A ¯ {\displaystyle {\overline {DA}}} ;
  • quatro vértices - os pontos A {\displaystyle A} , B {\displaystyle B} , C {\displaystyle C} e D {\displaystyle D} ;
  • quatro ângulos internos - os ângulos B A ^ D {\displaystyle B{\hat {A}}D} , A B ^ C {\displaystyle A{\hat {B}}C} , B C ^ D {\displaystyle B{\hat {C}}D} , C D ^ A {\displaystyle C{\hat {D}}A} ;
  • quatro ângulos externos - os respectivos ângulos suplementares dos ângulos internos;
  • duas diagonais - os segmentos de reta A C ¯ {\displaystyle {\overline {AC}}} e B D ¯ {\displaystyle {\overline {BD}}} .

Propriedades

Um paralelogramo possui:[1][2]

  1. lados opostos congruentes;
  2. ângulos opostos congruentes;
  3. suas diagonais interceptam-se nos seus respectivos pontos médios;
  4. ângulos colaterais suplementares;
  5. a soma dos ângulos internos igual a 360 {\displaystyle 360^{\circ }} ;
  6. a soma dos ângulos externos igual a 360 {\displaystyle 360^{\circ }} ;

Observamos que todo quadrilátero convexo plano que possui uma das propriedades 1., 2. ou 3. é um paralelogramo. Existe, portanto, uma reciprocidade em relação a cada uma destas propriedades com a definição de paralelogramo dada acima.

Além disso, notamos que qualquer diagonal de um paralelogramo o divide em dois triângulos congruentes.

Demonstrações das propriedades[1]

Paralelogramo: ângulos e lados opostos congruentes.

1. Lados opostos congruentes

Dado o paralelogramo A B C D {\displaystyle ABCD} , mostraremos que A B ¯ D C ¯ {\displaystyle {\overline {AB}}\equiv {\overline {DC}}} e A D ¯ B C ¯ {\displaystyle {\overline {AD}}\equiv {\overline {BC}}} . Para tanto, traçamos a diagonal A C ¯ {\displaystyle {\overline {AC}}} . Como A B ¯ / / D C ¯ {\displaystyle {\overline {AB}}/\!/{\overline {DC}}} e A D ¯ / / B C ¯ {\displaystyle {\overline {AD}}/\!/{\overline {BC}}} , tomando A C {\displaystyle {\overleftrightarrow {AC}}} como transversal temos que D A ^ C B C ^ A {\displaystyle D{\hat {A}}C\equiv B{\hat {C}}A} (alternos internos) e D C ^ A B A ^ C {\displaystyle D{\hat {C}}A\equiv B{\hat {A}}C} (alternos internos). Assim, pelo caso de congruência de triângulos ângulo, lado, ângulo (ALA) temos:

A D C C B A { D A ^ C B C ^ A A C ¯ C A ¯ D C ^ A B A ^ C A B ¯ D C ¯  e  A D ¯ B C ¯ . {\displaystyle \triangle ADC\equiv \triangle CBA\Rightarrow \left\{{\begin{matrix}D{\hat {A}}C\equiv B{\hat {C}}A\\{\overline {AC}}\equiv {\overline {CA}}\\D{\hat {C}}A\equiv B{\hat {A}}C\end{matrix}}\right.\Rightarrow {\overline {AB}}\equiv {\overline {DC}}{\text{ e }}{\overline {AD}}\equiv {\overline {BC}}.}
Recíproca

Mostraremos que todo quadrilátero A B C D {\displaystyle ABCD} convexo plano, cujos lados opostos sejam congruentes é um paralelogramo. Com efeito, pela congruência de triângulos lado-lado-lado (LLL), temos que A B ¯ D C ¯ {\displaystyle {\overline {AB}}\equiv {\overline {DC}}} e A D ¯ B C ¯ {\displaystyle {\overline {AD}}\equiv {\overline {BC}}} , implica A D C A B C {\displaystyle \triangle ADC\equiv \triangle ABC} . Logo, são congruentes os ângulos B A ^ C {\displaystyle B{\hat {A}}C} e A C ^ D {\displaystyle A{\hat {C}}D} , o que implica A B ¯ C D ¯ {\displaystyle {\overline {AB}}\parallel {\overline {CD}}} . Um raciocínio análogo mostra que A D ¯ B C ¯ {\displaystyle {\overline {AD}}\parallel {\overline {BC}}} . Ou seja, lados opostos congruentes implica lados opostos paralelos. Isso conclui esta demonstração.

2. Ângulos opostos congruentes

Dado o paralelogramo A B C D {\displaystyle ABCD} , mostraremos que B A ^ D B C ^ D {\displaystyle B{\hat {A}}D\equiv B{\hat {C}}D} e A B ^ C A D ^ C {\displaystyle A{\hat {B}}C\equiv A{\hat {D}}C} . A partir da demostração anterior temos que:

( 1 ) D A ^ C B C ^ A {\displaystyle (1)\quad D{\hat {A}}C\equiv B{\hat {C}}A}

e

( 2 ) D C ^ A B A ^ C {\displaystyle (2)\quad D{\hat {C}}A\equiv B{\hat {A}}C} .

Como B A ^ D = B A ^ C + D A ^ C {\displaystyle B{\hat {A}}D=B{\hat {A}}C+D{\hat {A}}C} então substituindo (2) em (3) temos:

( 3 ) B A ^ D = D C ^ A + D A ^ C {\displaystyle (3)\quad B{\hat {A}}D=D{\hat {C}}A+D{\hat {A}}C} .

E, temos ainda B C ^ D = B C ^ A + D C ^ A {\displaystyle B{\hat {C}}D=B{\hat {C}}A+D{\hat {C}}A} , que usando (1) fornece:

( 4 ) B C ^ D = D A ^ C + D C ^ A {\displaystyle (4)\quad B{\hat {C}}D=D{\hat {A}}C+D{\hat {C}}A} .

De (3) e (4), concluímos que B A ^ D B C ^ D {\displaystyle B{\hat {A}}D\equiv B{\hat {C}}D} . Para o caso A B ^ C A D ^ C {\displaystyle A{\hat {B}}C\equiv A{\hat {D}}C} o raciocínio é análogo.

Recíproca

Mostraremos que todo quadrilátero A B C D {\displaystyle ABCD} convexo plano, cujos ângulos opostos são congruentes é um paralelogramo. Com efeito, temos B A ^ D B C ^ D {\displaystyle B{\hat {A}}D\equiv B{\hat {C}}D} e A D ^ C A B ^ C {\displaystyle A{\hat {D}}C\equiv A{\hat {B}}C} , logo B A ^ D + A D ^ C = A B ^ C + B C ^ D {\displaystyle B{\hat {A}}D+A{\hat {D}}C=A{\hat {B}}C+B{\hat {C}}D} . Como B A ^ D + A D ^ C + A B ^ C + B C ^ D = 360 {\displaystyle B{\hat {A}}D+A{\hat {D}}C+A{\hat {B}}C+B{\hat {C}}D=360^{\circ }} , segue que B A ^ D + A D ^ C = 180 {\displaystyle B{\hat {A}}D+A{\hat {D}}C=180^{\circ }} . Portanto, A B ¯ C D ¯ {\displaystyle {\overline {AB}}\parallel {\overline {CD}}} . Um raciocínio análogo prova que A D ¯ B C ¯ {\displaystyle {\overline {AD}}\parallel {\overline {BC}}} . Isso completa a prova.

3. Diagonais interceptam-se nos seus respectivos pontos médios

Figura para a demonstração da propriedade do paralelogramo.
Diagonais se intersectam no ponto médio.

Seja A B C D {\displaystyle ABCD} um paralelogramo e consideremos suas diagonais A C ¯ {\displaystyle {\overline {AC}}} e B D ¯ {\displaystyle {\overline {BD}}} . Denotamos por E {\displaystyle E} a interseção destas diagonais. Como A B {\displaystyle {\overleftrightarrow {AB}}} e C D {\displaystyle {\overleftrightarrow {CD}}} são paralelas, temos que os ângulos C D ^ E {\displaystyle C{\hat {D}}E} e A B ^ E {\displaystyle A{\hat {B}}E} são congruentes (ângulos alternos internos). Pelo mesmo motivo, são congruentes os ângulos B A ^ E {\displaystyle B{\hat {A}}E} e D C ^ E {\displaystyle D{\hat {C}}E} . Como A B ¯ {\displaystyle {\overline {AB}}} e C D ¯ {\displaystyle {\overline {CD}}} são congruentes, pela congruência ângulo-lado-ângulo (ALA) de triângulos, temos que:

C D E A B E { C D ^ E A B ^ E C D ¯ A B ¯ D C ^ E B A ^ E A E ¯ C E ¯  e  D E ¯ E B ¯ . {\displaystyle \triangle CDE\equiv \triangle ABE\Rightarrow \left\{{\begin{matrix}C{\hat {D}}E\equiv A{\hat {B}}E\\{\overline {CD}}\equiv {\overline {AB}}\\D{\hat {C}}E\equiv B{\hat {A}}E\end{matrix}}\right.\Rightarrow {\overline {AE}}\equiv {\overline {CE}}{\text{ e }}{\overline {DE}}\equiv {\overline {EB}}.}

Assim temos que E {\displaystyle E} é ponto médio de A C ¯ {\displaystyle {\overline {AC}}} e B D ¯ {\displaystyle {\overline {BD}}} , logo E {\displaystyle E} é ponto médio e intersecção das diagonais.

Recíproca

Mostraremos que todo quadrilátero A B C D {\displaystyle ABCD} plano convexo, cujas diagonais interceptam-se nos seus pontos médios é um paralelogramo. Com efeito, seja E {\displaystyle E} o ponto de interseção das diagonais A C ¯ {\displaystyle {\overline {AC}}} e B D ¯ {\displaystyle {\overline {BD}}} . Como A E ¯ C E ¯ {\displaystyle {\overline {AE}}\equiv {\overline {CE}}} , B E ¯ D E ¯ {\displaystyle {\overline {BE}}\equiv {\overline {DE}}} e A E ^ B C E ^ D {\displaystyle A{\hat {E}}B\equiv C{\hat {E}}D} , temos da congruência de triângulos lado-ângulo-lado (LAL) que A B E C D E {\displaystyle \triangle ABE\equiv \triangle CDE} . Donde seque que A B ¯ C D ¯ {\displaystyle {\overline {AB}}\equiv {\overline {CD}}} . Analogamente, vemos que A D ¯ B C ¯ {\displaystyle {\overline {AD}}\equiv {\overline {BC}}} . Agora, da recíproca da propriedade 1. (lados opostos congruentes), temos que os lados opostos são paralelos, como queríamos demonstrar.

4. Ângulos consecutivos suplementares

Demonstração da propriedade

Seja A B C D {\displaystyle ABCD} um paralelogramo. Mostraremos que os ângulos consecutivos C D ^ A {\displaystyle C{\hat {D}}A} e B A ^ D {\displaystyle B{\hat {A}}D} são suplementares. Com efeito, como A B {\displaystyle {\overleftrightarrow {AB}}} e C D {\displaystyle {\overleftrightarrow {CD}}} são paralelas e A D {\displaystyle {\overleftrightarrow {AD}}} é uma transversal, temos que C D ^ A B A ^ E {\displaystyle C{\hat {D}}A\equiv B{\hat {A}}E} (1) (ângulos correspondentes). Vemos, imediatamente, que B A ^ E {\displaystyle B{\hat {A}}E} e B A ^ D {\displaystyle B{\hat {A}}D} são suplementares, ou seja:

B A ^ E + B A ^ D = 180 {\displaystyle B{\hat {A}}E+B{\hat {A}}D=180^{\circ }} (2)

e substituindo (1) em (2) temos:

C D ^ A + B A ^ D = 180 {\displaystyle C{\hat {D}}A+B{\hat {A}}D=180^{\circ }}

como queríamos demonstrar. As demonstrações para os demais ângulos consecutivos são análogas.

5. Soma dos ângulos internos

Segue imediatamente da propriedade 4. que a soma dos ângulos internos de um paralelogramo é 360 {\displaystyle 360^{\circ }} .

6. Soma dos ângulos externos

Uma vez que em um paralelogramo os lados opostos são paralelos e os ângulos internos consecutivos são suplementares, temos que os ângulos externos consecutivos também são suplementares. Como são quatro, temos que a soma dos ângulos externos é 360 {\displaystyle 360^{\circ }} .

Perímetro

Denotando por a {\displaystyle a} e b {\displaystyle b} os comprimentos de dois de seus lados não-paralelos, seu perímetro pode ser calculado através da fórmula abaixo:

P = 2 ( a + b ) {\displaystyle P=2(a+b)}

Área

Paralelogramo de base b {\displaystyle b} e altura h {\displaystyle h} .

A área de um paralelogramo é dada por:[1]

A = b h {\displaystyle A=b\cdot h}

onde, b {\displaystyle b} é o comprimento de qualquer um de seus lados e h {\displaystyle h} é a altura relativa a este lado, i.e. o comprimento do segmento de reta perpendicular que liga este lado ao seu oposto.

Equivalentemente, temos:[2]

A = a b sen α {\displaystyle A=a\cdot b\cdot \operatorname {sen} \alpha }

onde, a {\displaystyle a} e b {\displaystyle b} são os comprimentos de dois lados adjacentes e α {\displaystyle \alpha } é o ângulo definido por estes lados.

Ou, ainda, a área pode ser calculado por:

A = d 1 d 2 sen α 2 {\displaystyle A={\frac {d_{1}\cdot d_{2}\cdot \operatorname {sen} \alpha }{2}}}
Paralelogramo A B C D {\displaystyle ABCD} , sendo E {\displaystyle E} o ponto de interseção de suas diagonais A C ¯ {\displaystyle {\overline {AC}}} e D E ¯ {\displaystyle {\overline {DE}}} .

onde, d 1 {\displaystyle d_{1}} e d 2 {\displaystyle d_{2}} são os comprimentos das diagonais do paralelogramo e α {\displaystyle \alpha } é um dos ângulos definido pela interseção das diagonais. Com efeito, seja A B C D {\displaystyle ABCD} um paralelogramo (veja figura ao lado). Suas diagonais se interceptam em um ponto E {\displaystyle E} determinando quatro triângulos A E B {\displaystyle AEB} , B E C {\displaystyle BEC} , C E D {\displaystyle CED} , D E A {\displaystyle DEA} . Do fato de que lados opostos de um paralelogramo serem congruentes e de que E {\displaystyle E} é ponto médio de ambas diagonais, temos que os triângulos A E B {\displaystyle AEB} e C E D {\displaystyle CED} são congruentes, assim como os triângulos B E C {\displaystyle BEC} e D E A {\displaystyle DEA} . Notamos que a área do paralelogramo é a soma das áreas dos quatro triângulos. Ou seja, denotando por d 1 {\displaystyle d_{1}} e d 2 {\displaystyle d_{2}} os comprimentos das diagonais A C {\displaystyle AC} e D E {\displaystyle DE} , respectivamente, temos:

A = 2 d 1 d 2 2 sen α + 2 d 1 d 2 2 sen ( 180 α ) . {\displaystyle A=2{\frac {d_{1}\cdot d_{2}}{2}}\operatorname {sen} \alpha +2{\frac {d_{1}\cdot d_{2}}{2}}\operatorname {sen} (180^{\circ }-\alpha ).}

Aqui, α {\displaystyle \alpha } é o menor ângulo definido pelas diagonais. Temos utilizado que a área de um triângulo F G H {\displaystyle FGH} pode ser calculada por:[1]

A F G H = | F G | | G H | 2 sen F G ^ H {\displaystyle A_{FGH}={\frac {|FG|\cdot |GH|}{2}}\operatorname {sen} F{\hat {G}}H} .

Por fim, como sen α = sen ( 180 α ) {\displaystyle \operatorname {sen} \alpha =\operatorname {sen} (180^{\circ }-\alpha )} , segue o resultado desejado.

Ver também

Existem três paralelogramos especiais:

Referências

  1. a b c d e f Dolce, O.; et al. (2013). Fundamentos de Matemática Elementar Volume 9 - Geometria Plana 9 ed. [S.l.]: Atual. ISBN 9788535716863 
  2. a b c d Bronshtein, I.N.; et al. (2007). Handbook of Mathematics 5 ed. [S.l.]: Springer. ISBN 9783540721215